sexta-feira, julho 21, 2006

37211

com você eu brinco
de não tirar a roupa
esfrega
roça
ofega
respira
conta até trinta e sete mil duzentos e onze
pra não perder o controle
pra sempre

aí te beijo
lambo
sorvo
mordisco
com a respiração
e mãos alucinadas

ah
se eu pudesse
desvendar cada esboço de suspiro
ah
se eu pudesse
desbelotar cada hífen de interjeição
mas tuas pernas
me aprisionam mais e mais perto
a cada espasmo
e eu não consigo pensar em mais nada

quarta-feira, julho 12, 2006

Anjo Canhoto

Por André Debevc

Ela é um anjo canhoto
que caiu na minha vida
num resto de briga
de uma sexta-feira
com cheiro de chuva.
Do alto do seu metro e oitenta
ela me sorri com olhos sérios
e deixa solto o olhar mudo
com sede da minha boca.
Me chamando de lindo
ela brinca com palavras e me traz sorrisos
de um jeito que ninguém nunca fez.
E se, por um instante, lembro
que eu não sou lá muito fã de empunhar meus dentes por aí,
ela me joga as minhas próprias covinhas na cara
só pra me fazer ficar sem graça
antes de me abraçar gostoso
feito travesseiro.
Em sua radiante beleza,
ela é um anjo de longos negros cabelos lisos,
super model de um sorriso e alegria contagiantes.
Ela que não gosta de me ver triste nem em mensagem de texto,
sozinha, me fez mais surpresas
que mil mulheres de quem eu esperei demais
ganhando em mim algo novo, que nunca tinha estado lá.
Ela é um anjo,
que lá do alto insiste em me convencer
com beijos e sem joguinhos que existe amor por aí.

Se algum dia eu tiver de novo um coração,
que caia nas mãos carinhosas e quentes
de uma moça apaixonante como ela:
um anjo canhoto que nunca soube quem eu era
mas que me faz adorar tudo que posso ser.