segunda-feira, julho 30, 2007

O Fim das Lacunas Vazias

Por André Debevc

Vamos preencher as lacunas, colocar o passado pra dormir. É hora de esquecer tudo que vivemos até agora, suspender lembranças e lambanças emocionais e começar do zero. Pode levantar da cama hoje resolvida, limpa, zerada. Pronta para escrever novas páginas de uma história que escolha só a minha melhor presença. Vamos celebrar a ausência de fantasmas. As mágoas estão todas suspensas, os velhos vícios de saudade estão todos curados. Já é hora de deixar o passado dormir. Deixar tudo que veio antes fazer sua sesta, sonhar pra sempre as mil maravilhas de ser pretérito, de delirar ter sido perfeito. O momento, você bem sabe, é de ocupar com alegria o que andava, por escolha nossa sim, até tranquilamente desocupado. É hora de entreter espaços antes vazios com os primeiros raios de promessas que já vêm formigando no horizonte. A história que chega tem final feliz, e logo no primeiro parágrafo, onde artesãos e estetas confeccionam protagonistas, tem duas lacunas perfeitas esperando o recheio muito mais do que merecido: os nossos nomes.

terça-feira, julho 17, 2007

Envelope Errado

Por André Debevc

O tempo trai e distrai. Tira de foco a dor que a gente acha que não vai passar nunca. E quando a gente acha que o corte virou cicatriz, organiza a casa e acaba abrindo um envelope pardo errado. E vendo fotos e lendo coisas que escrevi há milhões de anos, descobri que te amava muito mais do que eu podia lembrar.

segunda-feira, julho 16, 2007

Repetição (em apenas 150 toques)

Por André Debevc

Velhos nomes acenam novas promessas. Safra fresca de sorrisos na volta pra casa, onde o dia raia o horizonte e a esperança sobrevoa a cabeça.

O Prisioneiro

Por André Debevc

Agora você já tem um nome, bem eterno que só mulheres e estrelas carregam. E eu já tenho o que balbuciar em sonho. Já tenho o que sonhar balbuciar acordado. Já posso dizer aos quatro ventos que te quero, se te quero, como quero - juro que ainda não decidi. Você agora carrega um nome que te protege, capa que te faz irreconhecível, escudo invisível contra a insensibilidade e a rotina que deixaram de brilhar quando ouviam a sua voz. Mas relaxe moça, você e eu estamos salvos. Começamos a conjugar esse tempo onde você já pode me mandar beijos na boca, pode até de um jeito quase silencioso brincar um pouquinho de louca e me confessar mais que uma fantasia. Quando quiser, você já tem a sua alforria para me contar sonhos, desejos e todas as mais secretas vontades. Você está livre para narrar e viver todo um paralelo, assim até tangível, e unicamente nosso. Sem proibições de beijos ou impedimentos para uma tarde toda dedicada a cheirar somente a sua nuca. Agora que você fez sua senha, venha doce Lisbela. Brinque um pouco de eu te deixar sem palavras, te encontrar com beijos na boca, te encher de suspiros e sorrisos. Você está segura nesse quase anonimato. Nada aqui no meu peito, único lugar onde você atende por este nome, nada pode te machucar. Para proteger seu nome me fiz prisioneiro. Refém de um cheiro e gosto que ando louco para saber até de olhos fechados.