quinta-feira, fevereiro 28, 2008

em órbita

Por André Debevc

ainda encostada em mim,
ela está incomunicável
em órbita irregular rindo sozinha.
de olhos fechados
esboça tapar o sorriso com as costas da mão.
mas entorpecida de si mesma não consegue.
sensível até o primeiro toque
desacelera espásmos entre lençóis
sem procurar se quer uma só palavra.

para entender tudo que ela gostaria de me dizer
só preciso estar de olhos abertos.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

dia de sorte

Por André Debevc

a respiração pára e ela arqueia as costas enterrando a cabeça na cama.

até há intenção de uma interjeição mas não há consciência para articular uma.

vejo seu ventre vibrar entre seus goles secos.

ela agora está em órbita, suando ofegante em outra dimensão.

alegria, letargia e uma vontade de retribuir a tomam na volta a este planeta.

não tenho lugar nenhum para ir agora. deve ser meu dia de sorte.

Outro fim de caso

Por André Debevc

tem hora que nada que possa ser dito tem efeito,
a frase sai até medrosa, de tão sem jeito.
um ali gaguejando as palavras que transboradam do peito ferido
e o outro querendo ir embora já existindo ressentido.

fim de caso tem dessas coisas,
a história começando a se apagar do jeito mais doído,
e as lembranças atravessando de vez pro pretérito imperfeito
querendo convencer que a morte daquilo tudo que se pensou eterno
algum dia vai fazer sentido.

(como dói o peito)