quarta-feira, julho 29, 2009

Marketing Certeiro

Por André Debevc

Que faço para fidelizar você ao meu beijo?
Que estratégias de marketing garantem
que você troque para me consumir
e seja atendida nos seus desejos mais primários e urgentes?
Devo entrar em promoção para te conseguir por mais um tempo?
Posso agregar valor à premissa básica de ser melhor em quase tudo?
Será que minha fórmula lava seus sonhos mais brancos?
E minha boca? Deixa seu hálito fresco por mais tempo?
Meu cheiro consegue não sair da sua cabeça na primeira lavagem?
Que mais coisas temos em comum para fazer você voltar sempre?
Até onde consigo te desviar do caminho para sentir meus outdoors?

Preciso conquistar uma consumidora exigente
que nem desconfia das vantagens que vai conseguir
no meu complexo programa de milhagem e recompensas.

quarta-feira, julho 22, 2009

Constatação

Por André Debevc

Quando um ciclo se encerra,
a primeira reação (natural)
é olhar para trás e visitá-lo, do início ao fim,
ficando com ainda mais saudade
do que não volta mais.

Nunca mais.

Cegueira Seletiva

Por André Debevc

preciso escrever para dizer que essa noite é inútil,
pra dizer que a lua não some
nem pisca fingindo que me vê no trânsito
a caminho de casa.
acre doce beijo perfeito,
a névoa soluça a madrugada pouco londrina
e nada ocupa a cegueira de só sentir o seu cheiro.

terça-feira, julho 21, 2009

Pressa sempre

Por André Debevc

Ela diz que tenho pressa em levá-la pra cama.
Vive reclamando que minhas mãos voam
descolando tecidos, elásticos e zíperes inconvenientes.
Mal sabe ela o que digo quando estou a ranger os dentes.
Tenho uma prece silenciosa
para que possamos resolver tudo isso do meu jeito,
essa missão interminável de macho predador,
que é a coleta de presas falsamente relutantes,
entorpecidas até o talo por orgásmos inebriantes
paridos nas pontas dos dedos e língua.
Talvez ela seja assim só mais um troféu na estante,
talvez eu lembre, silenciosamente, dela na roda de cúmplices
como aquela que vivia reclamando do meu jeito.
Ela sabe como venero um bom peito,
mas os eláticos de sua calcinha
não tinham que marcar a alma tanto assim.

sexta-feira, julho 17, 2009

Coração em paz

Por André Debevc

Quero sua boca rosa
saindo em camera lenta na penumbra
de um beijo de batom apagado,
quero o seu cheiro reconhecido até no caminho bêbado de casa.
Quero o rosa da sua boca questionando minha língua,
aceitando minhas mãos decididas
às vezes queitas e ancoradas à sua cintura.
Quero pôr-do-sol,
sorvete e japonês,
flores quase sempre talvez,
e a sensação de realização que há tanto me abandonou.
Quero ser meta, quero ser seta,
quero sempre uma boca semi-aberta
que intui mais que um beijo,
que instiga desejo e replays
e sorri feliz por saber um coração em paz.

quinta-feira, julho 16, 2009

fino trato

Por André Debevc

Que mel é esse que brota em minha boca
e faz feitiços com as moças que dele provam?
Sei lá eu que doce viciante
rescende em meus lábios e língua solta.
Entorpecente de fino trato,
não sujeito à fiscalização federal,
corra pelas esquinas em boatos
para que minhas conquistas
sejam simples lendas
tais como inesquecíveis atos.

(sem título)

Por André Debevc

Sua indecisão pontuava sua resistência,
indecisão medrosa de uma cumplicidade branda.
E vai, me beija logo,
antes que sua boca consiga fingir arquivar o desejo
que te move agora.
Me lê, me beija, deixa ser
pois agora sou simples demais, um impulso primário
que adora te dominar.

quinta-feira, julho 09, 2009

Apelos milenares

Por André Debevc

Agora,
vamos às ilusões coletivas,
às momentâneas faltas de caráter,
ao mergulho da saudade precoce.
Vamos aos braços das lágrimas doces,
nos rendamos ao apelo mais milenar de nossos instintos animais.
Falesmo de palavras que calam e de gestos que consentem.
Suspendamos, assim nesse ar onírico,
as mais maliciosas ilusões
no piscar mais vacilativo do segundo de cansaço.
Paremos de beber antes mesmo de começar,
renunciemos agressões gratuitas
e guardemos para nós alguma conclusão inútil.
Já é tempo de morder o mundo com esses caninos afiados,
já é hora de passar-lhe a língua no lábio superior.
Os dias não vêm pré-fabricados
e ninguém sabe sua cota de alegrias nem de dor.

terça-feira, julho 07, 2009

Jantar pra quê?

Por André Debevc

Com o buraco imenso que tinha no peito, a fome se acovadou e sumiu. Vai ver a comida sabia que nunca chegaria no estômago.

segunda-feira, julho 06, 2009

Dúvida constante

Por André Debevc

Quando te beijo de novo?
Faz tempo que meus sentidos
não concebem o seu gosto,
e muito a contra-gosto acabo brincando comigo mesmo,
invento desculpas sem sentido nem rima
sem ficar paralisado e atento
algenado pelos seus olhos acinzentados.
Então na escalada das horas vasculho perfumes,
me embriago em saliva, mas nada me salva...

Noites insossas
não rendem lábios sempre doces,
e a cumplicidade de nossas bocas
até finge...
mas não aparece em qualquer esquina.

sexta-feira, julho 03, 2009

resolução escrita

Por André Debevc

Sua nuca é a mais bonita que já vi,
embora isso não conte muito a seu favor
se eu não souber o seu nome.
Algumas coisa só sei resolver escrevendo,
já que minha boca quer saber a sua em braile
e deixar tudo mais
virar uma boa história para a gente contar.

Regime de cotas

Por André Debevc

Vou aumentar minha cota de deslizes.
Ando muito inocente ultimamente
e quase esqueci aquele meu sorriso safado.
Não quero é deixar de lado
minha poesia pouco contundente.
Até acho graça nas minhas cicatrizes,
e preciso de histórias para encompridar.

Descoberta Solo

Por André Debevc

Nem só de palavras bonitas
e slogans incríveis vive a minha boca.

Além de meus dentes afiados
trago uma língua de seda parecendo tecido molhado
que se estica até a ponta do meu nariz.

Desejado objeto,
quase sempre agindo, quase nunca quieto,
minha boca esconde delírios além de segredos e mentiras.

Para você, tenho uns beijos esboçados
com gosto apurado, que garante replay.
Mas até aí, nem eu sei,
já que sua boca ignora cobiçada ação
restrita às moças que me encantam
e tentam de toda maneira se infiltrar em meu coração.

Nem só de palavras bonitas vive a minha boca.
Mas isso você pode descobrir sozinha.

quinta-feira, julho 02, 2009

diagnóstico

Por André Debevc

Premeditação e inconsequência andam juntas. Ninguém nunca teve um sorriso safado e sem mostrar os dentes no rosto, sem mil idéias deliciosas na cabeça.

quarta-feira, julho 01, 2009

dia de inferno

Por André Debevc

uma angústia gigante me estacionou latente num pedaço que vai, da garganta até quase a parte debaixo do coração. e num abrir de olhos, como tantos outros - num dia final de inferno - foi como se todos os beijos eternamente adiados, todos os empregos e peitos nunca tidos, todas as viagens e promessas nunca feitas, absolutamente toda a liberdade e as ilusões nati-mortas resolvessem ficar engarrafadas em mim, baixando a luz da minha alma por mais tempo que qualquer outra tristeza sem cúmplice. em dias assim, de ponteiros lentos e piadas órfãs de sorrisos, tudo que eu queria é poder correr, correr, correr. até me encontrar, cheio de planos e soluções, e com aquele sorriso de alma tão profundo que me faz até ter buracos felizes no rosto. hoje acho que não vai dar...

quase quatro

Por André Debevc

descobria as coxas dela com as costas do indicador mais esperto. depois de quase 4cm de penugem arrepiada, não sabiam nem mesmo seus próprios nomes.