quarta-feira, julho 30, 2008

Só ele

Por André Debevc

Velando seu sono enfermo, pensou em acordá-la só pra dizer o quanto a amava. Mas aí lembrou que ainda não inventaram palavra para coisa de tal grandeza. Aí sorriu, lembrando que só ele e o universo sabem o que é uma coisa que não pára de crescer. Nunca pára.

a moça e a mão nada boba

Por André Debevc

era a moça que adorava dormir com pelo menos uma parte do corpo encostada nele. o dedinho do pé que fosse, como gostava de dizer antes de cruzar o tornozelo sobre o dele, mexer no cabelo, roubar um beijo calmo de boa noite e sorrir. aí já balbuciando o fim de alguma história com personagens que ele não conhecia bem, ela apagava a luz e esperava que ele não resistisse ao calor do corpo dela ali pulsando sob pouca roupa, mergulhado na penumbra do quarto de cortinas esvoaçantes. ali onde dormia como sempre, com a mão dentro da calcinha, ali mesmo onde gozou mais do que jamais tinha sabido que podia pela primeira vez, enquanto ele dava aquele beijo diferente e a bebia entre sussurros e interjeições confessadas por todo seu corpo, começando pelas coxas, já quase rendidas naquela distante manhã de domingo. a moça com nada de feia que quase se desfez em alegrias e sonhos na cama estreita do prédio amarelinho no meio da ladeira, dormindo com a mão na calcinha e acordando sem ela. mais que uma lembrança feliz guardada em segredo, uma história mutante que já viveu de tesão e conversas longas, e que agora achou seu lugarzinho especial e intocado para ser eterna, como a sua mão e sua vida. nada bobas.

Reflexões

Por André Debevc

O melhor filme é o que nunca pode ter uma continuação.

quarta-feira, julho 16, 2008

De Luto

Por André Debevc

Hoje em dia, para morrer, basta estar no Rio.

(deus, o que estão fazendo com a minha cidade?)

quarta-feira, julho 02, 2008

Eterno Amor

Por André Debevc

meu coração bate fazendo eco
como nunca nenhuma mulher fez ele bater.
tenho as mãos frias, a boca seca
e um tique que não deixa meu pé parar quieto.
entro e saio de sites,
leio e canto sozinho num dos dias
mais longos da minha existência.
abrigo o prenúncio de uma noite apoteótica no peito
enquanto seguro um grito que anda louco pra ser verdade.
desabafo, comemoração, merecimento…
a glória flerta exigindo uma coragem épica
de almas suando sangue e determinação para se deixar carregar.
visito o relógio a cada segundo
e minha vida toda até anseia desabar
num choro de felicidade.
eterno amor, meu Fluminense,
tudo que quero hoje é celebrar a sua felicidade,
a nossa maior conquista até agora.