quinta-feira, junho 26, 2008

lugar indeterminado

Por André Debevc

de algum lugar indeterminado do mundo ela aparece online e diz que andou sonhando comigo. ah, aquelas coisas… - ela diz - enquanto imagino sua cara de tarada digitando eheheheheh. ela conta que tá com pressa e atrasada, lá em outro fuso, mas que acordou com uma música que fazia lembrar meu cheiro, e aí bateu uma saudade - daquelas que não mata mas não passa – de colocar a mão na minha coxa no trânsito e rir de alguma das minhas palhaçadas no meio da tarde. o mundo não é mais aquele, moça. e nem nós, digo. com certeza, ela responde. mas nunca me esqueci daquele dia naquele quarto amarelo. às vezes, quando tô sozinha, penso nisso…e dá uma vontade de te colocar na boca. sabia que eu sempre lembro daquela sua frase de que mulheres foram feitas para serem colocadas na boca? ehehehehe. fico feliz que você lembre de mim, moça ☺. lembro, lembro sim…só não lembro porque não te amei pra sempre, você lembra? não era hora, talvez, não sei. mas eu também lembro do quarto amarelo. você de shortinho frouxo e sem calcinha. hahahahahah. eu era louquinha, né? é…e eu acho que aproveitei pouco, concorda. ehehhehe… tenho certeza :-P (offline)

quarta-feira, junho 25, 2008

Lágrimas oficiais

Por André Debevc

Vejo o Presidente Fernando Henrique em pé ao lado do caixão da esposa, Dona Ruth, e a mais profunda tristeza me faz de casa. Cinquenta e cinco anos de casamento interrompidos antes do final do Jornal Nacional. Não existirá no universo uma só palavra de conforto. Não existirá em toda a história um abraço de carinho forte o suficiente. O coração ex-presidencial viverá o resto dos seus dias a meio pau. A morte de sua companheira institui à força uma eternidade de goles em seco. De frases incompletas. E mesas não-postas. Agora a democracia não tem voz. Foi-se nossa eterna primeira dama. Foi-se a doce Ruth, do Fernando. Chegou a maior tristeza de um homem. Presidente, por mais que isso nada signifique, você tem meu choro em solidariedade.

segunda-feira, junho 23, 2008

Fon-fon

Por André Debevc

estar ao seu lado
me faz um bem danado

eu lavo a louça e você rega as plantas,
e assim segue a vida, gostosa e divertida,
antes que o despertador nos acorde,
de segunda à quinta, quase às oito da manhã.

levantar todo dia dessa cama
e viver essa rotina sã me recheia os sonhos,
cravejando a volta do trabalho de planos
e vontade de beijar a sua nuca.

amar é meio isso mesmo,
criar uma religião com um deus falível,
desses que me deixa te irritar
só com o comentário que faço
do jeito que você dirige.

Ops...

Por André Debevc

o peixe morre pela boca,
o homem pelo coração - que às vezes se confunde,
e pulsa dentro da calça.

quinta-feira, junho 19, 2008

Olhar Fracionado

Por André Debevc

às vezes, confesso,
te olho aos pedaços…

nuca
olhos
boca

peitos
barriga
flancos
pés

e me convenço
que viveria sem embaraço dias
nesse estudo deste tudo
meticulosamente distraído de você.

ao som da sua voz mansa
falando qualquer coisa
te vasculho ocupada
na tarefa nada pesada
de simplesmente ser você

e sem régua te meço
e sem chegar perto te beijo
e te cheiro.

amo-te em partes,
que somadas
fazem mais que um inteiro.

e se numa hora dessas você me flagrasse
com todo meu ser seguindo seus passos,
não me restaria nada a confessar senão
a mais pura verdade,
que sim, minha pequena,
tem horas que te amo em pedaços.