segunda-feira, novembro 03, 2014

SEM UMA SEGUNDA VEZ


Por André Debevc

olhou pra ela como se fosse uma estranha. nenhuma palpitação imprevista ou gota de sour brotando do alto da testa. olhou como se não a visse, certamente não reconhecendo ali alguém que amou, e que por um bom tempo habitou seu imaginário, coração e desejo. sentiu uma leve pontada de tristeza ali perto do fígado, sem entender como aquela imagem, um pouco envelhecida, não colava mais na figura que conhecia de cima a baixo, milimetricamente. aí, com a naturalidade de quem muda de canal sem prestar qualquer atenção, lembrou – ou achou que lembrou - que amou. mais até do que devia. ou pode ter sido so impressão. como aquela pessoa um tanto parecida com aquela mulher que foi pra nunca mais voltar. nunca mais.