segunda-feira, dezembro 20, 2010

...melhor...

Por André Debevc

Ele não sabia, mas sim, aquele abraço era uma despedida. Soubesse, teria a beijado naquele carro parado na rua como quem vacila ainda sem a certeza de querer mesmo ir embora. Ele teria reunido num só beijo a vontade do primeiro e o desespero de quem sabe só ter um ultimo beijo para dar. Teria apertado a mão dela e olhado fundo naqueles olhos como nunca pode fazer antes. Mesmo na rua porcamente iluminada ele miraria dentro daqueles faróis e abriria sua caixinha de sinceridades, guardadas a sete chaves, pra que ela visse que a falta de racionalidade e consequência dele não eram apenas reais. Eram profundas. Cicatrizes de uma outra vida onde ele tinha pensado muito menos e vivido muito mais. Antes. Muito antes de terem que costurar seu coração remendado de volta ao peito. Antes deles – cada um do seu jeito e no seu tempo - terem virado tijolos, iguais e desapercebidos como tantos outros, numa parede qualquer. Talvez o coração e a palpitação fiquem de novo em segundo plano. Vai ver a razão tenha porque ter razão em algum momento. Melhor não pensar no que não pode ser. Melhor não pensar. E nem sentir.

2 comentários:

Isabel disse...

"melhor" não é.

no máximo, mais adequado.

não pensar nem é difícil, mas não sentir...

... ah se a gente soubesse...

Maria disse...

Gostei bastante dessa metáfora dos tijolos. Boa sacada!
Beijos!