terça-feira, setembro 19, 2006

Sorriso Bobo

Por André Debevc

Com sua língua na boca
e seu peito nas mãos,
te beijo com o coração na garganta.
Te puxo,
me entrego, fecho os olhos
para encontrar seus lábios perfeitos,
bocas que pareciam se conhecer de outros tempos.
Contra a parede da boate escura
já nem sei o que toca
a não ser a sua pele quente e nossas mãos aflitas.
E abro os olhos pra sorrir
e jogar a cabeça pra trás
e mergulhar na sua boca
ainda sem acreditar direito,
que beijo, que cheiro, quê isso…
Aí esqueço tudo,
solto as rédeas parece que enlouqueço
e te puxo mais perto, te sinto ofegante, te encaixo.
Nós só existimos ali, naquele presente.
No próximo passo
essa realidade deliciosa se dissolve
e nós seremos passado,
nós seremos segredo,
beijo guardado pra sempre na memória da impossibilidade.
Seus olhos apertados me prendem, confessa brilham,
aí suspiro sorrio te agarro – te quero pra sempre -
sabendo que não te terei nunca.
Então vivo o momento,
deixo qualquer idéia de arrependimento pra depois.
Depois duvido, mas se precisar,
a gente se arrepende com um sorriso inegável na alma.
Calo a boca do que ela ia dizer
porque preciso mesmo é te beijar
e te abraço forte só pra ver se, de repente,
pelo menos ali, na loucura do momento a gente se funde em um.
Cúmplices num dos melhores e mais secretos beijos do universo.

Amanhã
no lugar da cicatriz do meu peito
vai amanhecer um sorriso bobo
e muito difícil de apagar.

3 comentários:

Valdek Junior disse...

Legal sua crônica. Estava escrevendo sobre artista, sorriso bobo (falando da música do skank - sutilmente) e procurei no google. É claro que o google achou um monte de coisas. Achei legal seu post e acabei comentando sobre ele.
Abs
Boa semana
http://valdekjr.blogspot.com/2009/07/artista.html
Junior

Anônimo disse...

Através do blog do Valdek cheguei a seu e adorei seu texto. Postei o link no meu twitter.com/falandoem.

Parabéns!!!

Cintilanti ;0)

maria disse...

sorrisos indeléveis...