terça-feira, agosto 16, 2016

PEDRA MAL LAPIDADA
por André Debevc

de todas as coisas 
pontiagudas do universo,
talvez o que me mate 
seja meu coração.

meu músculo involuntário,
relicário de cacos colados,
sobrevivente e companheiro
de todos os meus amores e dores
fingidos ou realizados.

átrios e ventrículos
pulsando mais vida 
do que tenho vivido.

batendo e soprando,
atravessando o samba e avenida,
descompassado como um escrito de Bukowski,
afiado com só uma resposta sarcástica pode ser.

de todas as coisas, 
das pedras mais 
mal lapidadas do universo,
talvez o que me mate 
seja meu coração.

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