quarta-feira, julho 30, 2008

a moça e a mão nada boba

Por André Debevc

era a moça que adorava dormir com pelo menos uma parte do corpo encostada nele. o dedinho do pé que fosse, como gostava de dizer antes de cruzar o tornozelo sobre o dele, mexer no cabelo, roubar um beijo calmo de boa noite e sorrir. aí já balbuciando o fim de alguma história com personagens que ele não conhecia bem, ela apagava a luz e esperava que ele não resistisse ao calor do corpo dela ali pulsando sob pouca roupa, mergulhado na penumbra do quarto de cortinas esvoaçantes. ali onde dormia como sempre, com a mão dentro da calcinha, ali mesmo onde gozou mais do que jamais tinha sabido que podia pela primeira vez, enquanto ele dava aquele beijo diferente e a bebia entre sussurros e interjeições confessadas por todo seu corpo, começando pelas coxas, já quase rendidas naquela distante manhã de domingo. a moça com nada de feia que quase se desfez em alegrias e sonhos na cama estreita do prédio amarelinho no meio da ladeira, dormindo com a mão na calcinha e acordando sem ela. mais que uma lembrança feliz guardada em segredo, uma história mutante que já viveu de tesão e conversas longas, e que agora achou seu lugarzinho especial e intocado para ser eterna, como a sua mão e sua vida. nada bobas.

5 comentários:

Vanessa disse...

No mínimo pé com pé. Delícia!

Anônimo disse...

Adorei...tb gosto de sentir o calor de um corpo ao meu lado. Mas dormir de calcinha e acordar sem é melhor ainda.

*Lu* disse...

texto lindo!

Anônimo disse...

Isto que chamo de um perfeita manhã de domingo.
Lindo.
Parabéns!!!
Coloquei na entrada do meu orkut, com os devidos créditos e link.
Valeu.

ivi dias

Anônimo disse...

esse texto merece divulgação internacional! Perfeição de tudo: palavras, sentimentos, é quase como se estivéssemos lá presenciando essa manhã deliciosa! Esse vou passar pras amigas! eheehe
Adorei! Titia fã!