segunda-feira, fevereiro 09, 2015

NUNCA MAIS

por André Debevc

não despedir-se dela talvez tenha sido uma das coisas mais difíceis que ele teve de fazer em toda vida. as últimas palavras, o beijo que ela não retribuiria, o carinho derradeiro no rosto que já não brilharia mais só de vê-lo, tudo tinha ficado suspenso no ar para sempre, sem nenhuma intenção de acontecer. o fechar de portas daquele elevador do condomínio de luxo do zona sul do Rio de Janeiro era decretava mesmo o fim de uma história intensa que para ela já era passado distante. os sete andares até o térreo nunca foram tão longos. quando saiu da portaria com os olhos mareados e a alma quebrada, sabia que entrava num mundo novo e triste, em que andaria por tempos com o coração batendo fora do corpo, provavelmente esquecido no porta-luvas do carro dela. ele nunca a abraçou de novo com esperança de tê-la de volta. ele nunca mais a viu sonhando em poder beijá-la. no seu universo, ela tinha desaparecido sem deixar pistas – apesar de saber bem onde poderia encontrá-la. para ela, a história deles tinha morrido, o amor tinha quebrado e escorrido para longe, e ele não passava de um corpo sem vida que não lembrava em nada tudo que tiveram. em pelo menos um desses pontos ela – apesar de toda sua imaturidade e inconsequência – tinha razão.

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