quarta-feira, maio 02, 2007

O que vem depois

Por André Debevc

Ele gosta de banheiros grandes e lugares de pé direito alto. Sujeito tranquilo, costuma dizer que luas cheias e noites sem nuvens dão vontade de uivar e lamber uns pescoços e peitos por aí. O jeito que ela o beija quando bebe e o time do Fluminense o tiram do sério, só de que maneiras completamente diferentes. E tem dias, em que gosta de pensar nele mesmo como o espaço que respira entre parênteses – cheio de coisas que se pensam mas não se dizem em voz alta. Beijos, queijos, vinhos e amassos. Bom mesmo é fugir quando a tarde cai, entre gargalhadas e dados, amigos distraídos. Aumentar o calor no quarto, suar no frio. Voltar com a alma lavada, o corpo suado e a cara deslavada de quem ficou nu e sapeca, pelado enchendo a cara do cheiro e das interjeições dela. E morreu pra nascer de novo, alegre na goteira aberta no telhado que cobre penugens claras, beijos curtos de quase adeus e sorrisos longos. Mas ele gosta mesmo é de beijos longos, tirar um ronco na rede depois do almoço, fotos pra lembrar que foi feliz; e de um dia pra guardar pra sempre. Até porque, no seu otimismo quase restaurado, o pra sempre - assim como o futuro – ainda vem por aí.

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