Por André Debevc
Finjo bem na minha cordialidade mansa, de cumprimentos sem maiores contatos, mas com você eu não tenho um pensamento puro. Nem um pra contar história e fingir que sou esse cara bonzinho que algumas línguas nem tão más assim queriam espalhar por aí, só pra acabar de vez com minha reputação. Zero. Nada. É só você atravessar meu caminho sorrindo com a boca, ou com os olhos, que partimos para uma dimensão onde todo mundo some e só sobramos nós. Nós e cada vez menos roupa - que só não some por completo pra podermos ter o que puxar e agarrar frenéticos entre amassos e segundos educados com alguma pretensão de hesitação, logo esquecida, quando a temperatura sobe pra valer. Nesta nossa dimensão não existe nada nem ninguém que nos impeça de qualquer coisa. Te beijo, você me morde. Te derreto na boca e você só pede mais. Rasgamos a noite e atravessamos o dia feito dois animais. Frações de segundo na tarde que cai. Carne e química. Cheiro e pólvora. Inconsequência e impossibilidade. Curvas pêlos cheiros e fluídos proibidos aqui na terra de agora que se encontram e reagem incandescentes quando a gente se encontra quando te vejo passar. Imagino seu outro lado que nesse mundo ninguém conhece. Desvendo a força das suas coxas, o calor de seus contornos e a embriaguez de seus lábios. Rendo minhas orelhas pros seus sussurros, ordens e mordidas.
Com você eu não tenho nenhum pensamento puro. E de algum jeito quando nossos olhos se cruzam, sei que você sabe disso há muito tempo.
quinta-feira, maio 03, 2007
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6 comentários:
eu sou enlouquecida pelos seus textos... há anos.
mattoso@gmail.com
Não se porquê li esse seu texto como um filme, com cenários, personagens e tal...
Eu também vi a cena completa. O final, com a descrição dos olhares, foi perfeito.
Pareabéns!!!! Mais um pornopoema maravilhoso! bj Sô
E de algum jeito quando nossos olhos se cruzam, sei que tenho MEDO de voce.
Medo de mim, anônima?
Adoraria que fosse vontade de me beijar...
André
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