quarta-feira, abril 12, 2006

Bandeira Dois

André Debevc

Ela adormece enquanto o taxi
rasga as ruas numeradas de Manhattan.
Todo nosso existir esta alí
guiado por um imigrante indiano.
Penso em como nossas vidas se desencontraram…
e mesmo assim o cheiro dela continua o mesmo.
Sua mão não se desprende da minha
nem quando o meu peito
surrado e agasalhado vira travesseiro. Ela me abraça.
Dorme como sempre,
um anjo de amor e dedos longos.
A irregularidade do asfalto faz o carro,
a vida pular,
e ela ensaia acordar,
mas digo que ainda falta e ela se aninha.
A brisa fria da noite leva a história,
lenda urbana entre tantas outras,
um amor escurracado.
Aquele quase silêncio do taxi
se intala em meu peito; marco um.
Ela nem sabe o quanto eu a amo,
comendo meu cheesecake,
mangando do meu inglês enferrujado
ou querendo todas as besteiras de Chinatown.
A vida passa,
e pego de novo o taxi 5K99.

Aquele amor não volta nunca.
Já é outra bandeirada.

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