quarta-feira, abril 12, 2006

Para Escrever um Epico

Ai ai, lá vem ela com aquele sorriso de cristal que me espanta qualquer nuvem. Com a cabeça bem longe, arregala os olhos brilhantes num mini susto quando me vê pedindo pra mim mesmo para que ela me veja. Mesmo longe sinto seu cheiro como em todas as vezes que fecho os olhos e suspiro fundo. Quase sinto o calor de suas costas nas palmas das mãos. Mãos que bobas, silenciosamente fogem e acariciam o lugar de algumas de suas últimas mordidas. Ela adora me agarrar.

Andando leve, quase desfila de tanta leveza. Ela pisa, saltita e pula, sempre sem meias, me trazendo um sorriso que diz ser tão difícil tirar de mim. Outra manhã, me olhava nos olhos estudando meu rosto, impossibilitado de estar infeliz, graças à sua presença. Ela lembra das várias besteiras que eu digo e até já percebeu e decorou meu sorriso cínico – que já foi um segredo – que só vem antes de brincar ou mentir. Lá vem ela que nunca abre os olho antes de mim quando beija. Ela é minha fruta favorita. Desbancando a manga, me lambe de volta e vem me mordiscando pelos cantos deixando suspiros fugirem para dentro da minha orelha. Essa moça me olha fundo antes de me beijar e mergulha na minha boca mesmo quando dança logo ali.

Vez por outra, ela pula nas minhas costas e me agarra sem se importar muito com os estranhos. Nessa hora, o beijo é nosso, anônimo na multidão, e ela é minha. Pele, química, tesão, pólvora. Ando louco para vê-la dormindo, aninhada no meu corpo, com a coxa atravessada nas minhas pernas. Eu, com a mão perdida em seus cabelos negros, o meu coração batendo na sua mão e os lábios felizes de poderem estalar carinhosos ali na sua testa.

Se me distraio percebo que sou vigiado pela pinta que habita a parte superior de sua boca. A única com nome próprio. Uma das várias que atraem meu corpo ao dela feito ímã. Quente, deliciosa, esconde muito mais do que alguém pode imaginar por de trás de sua aparente docilidade. Ela adora se eu a mimo e quando relaxa, dirige com a mão pousada na minha coxa. Mas ando mesmo é viciado em seu cheiro, mais presente na nuca e muito vivo perto do umbigo. Tem o poder de me levar a qualquer lugar, nem que seja só pra elogiar minhas pernas ou falar bobagens. Sem falar que ela adora quando eu a mordo como fruta. Ah, essa moça...

Menina-mulher que me trouxe de volta a ansiedade boa de pensar coisas para alguém. Pode ser vista em outdoors pela cidade ou nos meus pensamentos mais simples, comprando com seu riso o espaço exclusivo da minha mente, varrendo para longe qualquer cansaço ou crise de humor. É uma mulher que me inspira, acalma e perturba. Sarcástica e alegre, sabe exatamente o que falar pra me tirar do silêncio. A moça que anda na minha cabeça pega fogo comigo redefinindo o que é um verdadeiro beijo. Perdida, a única coisa que sabe virar com certeza é o meu juízo.

E ela me agarra de um jeito que eu já tinha até esquecido por ter passado tempo demais por aí errando e me deixando lamber por qualquer cachorra. Linda, ela diz que tem ciúmes e ri com os dentes perfeitos. Essa mulher me puxa com força, me beija fundo enquanto minhas mãos dançam colando cada centímetro dela mais e mais ao meu corpo. Aí eu fico tonto, jurando poesia. Pra ela que me leva pro céu dizendo que é inferno. Pra ela que nos faz perder a roupa num raio gigantesco. Ela que me pega, me empurra, me sobe, me morde e pede mais. Logo ela que merece flores, jantares, versos e horas de beijos milimétricos em sua alma. Mulher que cata tomates secos na salada e me pede para manobrar o carro quando tá com preguiça.

Dia desses, numa quentinha, ela me deu o presente mais surpreendente que já ganhei de uma mulher. Fez história, a mocinha. Diz que vai me inspirar a escrever um épico, e mesmo nunca me chamando pelo meu primeiro nome, jura que nunca mais vai me negar uma carona. Da próxima vez que ela me pedir pra não parar quando eu estiver entre as suas coxas, vou fingir hesitar. Vou fazer meu doce e me esfregar nela pra ela ficar ainda mais fora de controle. Ainda mais minha. Então, quem sabe virão mais expressões em inglês, apelidos curtinhos e aqueles gritos que amo vê-la dar.

Ai, deus, lá vem a mais linda de todas as bruxinhas. Pena que não estamos sós. Pena que não estamos nós sob a luz de velas. Que bom que estou sob seu feitiço. Quando ela chega, nosso círculo mágico se forma. Nada me mal nos acontece e eu fico assim, pensando em conquistá-la mais e mais. E aí ela me chama de namorado, me beija e faz um agrado e me pede um sorriso.

Hoje, vou com uma camisa que ela gosta. Vai que ela fraqueja, me assume e me agarra. Com uma mulher assim eu vou até o inferno. Te vejo lá.

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