quarta-feira, abril 12, 2006

Sem Escafandros

por André Debevc

Mergulho fundo nas suas coxas
com a voracidade e sutileza de um meticuloso tigre faminto.
Não tenho pressa, tomo meu tempo sorvendo seus cheiros
vivendo seus gostos.
Desfio seus sabores…
Talvez nem perceba o quanto a rotina pode me ameaçar lá fora,
muito certo que deixe os ponteiros invejosos se arrastarem pelas horas
enquanto insisto que minha língua te explore por inteiro.

Aprendo seus espasmos,
revisito sua respiração às vezes louca,
às vezes apreensiva pelo meu próximo gesto.
Você conjuga gemidos abreviados,
você me puxa me aperta e beija.
Sua boca deixa escapar a mordida, abandona a palavra pelo suspiro,
tenta dizer algo para depois se calar, desiste
insiste em me deixar te saborear.

Só volto à tona encharcado,
banhado pela sua insanidade, pela sua alegria. Soluço de tempo…
Nada me é mais precioso do que a busca pelo seu prazer.
Amo suas coxas brancas, suas penugens,
amo o abraço-algema que suas pernas me dão em contrações e trancos.
Vivo para que você se curve para me resgatar do meu mergulho,
com um sorriso nos lábios, com sede da minha boca.
Doce invasão de cheiros,
você é a estrada para minha língua,
pista de pouso para minhas mãos,
minha visita breve ao paraíso.

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